Ainda que embaçada.

20:00

Eu escrevo porque as palavras teimam em não sair mais da minha boca.— Náthaly Almeida.

E não é mais como se eu pudesse esconder por muito mais tempo.
Estou sendo descoberta, aos poucos, mas estou.
Estão me achando e rondando.

Alguns vêm sorrateiros, outros mais delicados, uns retiram o lençol fininho de cima e quando meus olhos capturam o que os deles me remetem, eu sinto meu corpo todo em êxtase.

Não sei o que querem, e não queria sair da toca, mas não há mais toca.
Eles a abriram de tal modo, que nem que eu queria, posso voltar.
E eu quero?

Por tanto tempo foi escuro, os rabiscos intuitivos e sem delineio fino.
Mas não mais, e é isso o que e afeta tanto.
O que há de ser então?

Meus pés desconhecem tal estrada, não sabem por onde ir, mas querem tanto caminhar lentamente, conhecer cada pedra do caminho...

Eles me pegaram, Lil.
E eu não corri. Não como corro de mim.
Eu me deixei ser vista, ainda que embaçada. Ainda que com medo.

Eles podem não saber o que observam, mas ainda assim demonstram encantamento.
E eu já nem sei mais explicar do que se trata, do que eu me trato.
Acho que tudo vai se resumir a expressar.

No fundo, sei que foi por pura expressão que cada um deles chegou até mim.

E que, por força de talentos que me são desconhecidos e abstratos, alguns  — e até eu mesma — escolha ficar.


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